Como todo e
qualquer ser vivo, nosso corpo necessita de energia para manter-se funcionando,
sem isso não há trabalho celular, e consequentemente não há vida.
A principal
fonte de energia vem dos alimentos, que ao serem ingeridos liberam a energia
necessária para o funcionamento do organismo, e podem também ser estocados como
reservas de energia na forma de 3 componentes básicos: glicose, proteína e
gordura, as quais serão utilizadas quando o corpo não estiver recebendo energia
suficiente para o seu gasto calórico, por exemplo durante uma dieta para
emagrecimento.
Sabe-se há
muito tempo, que uma pessoa engorda na medida em que o consumo de energia
através dos alimentos é maior que o gasto calórico total, havendo então um
armazenamento dessa energia, principalmente na forma de gordura. O inverso é
verdadeiro, ou seja, para emagrecer o indivíduo precisa gastar mais energia do
que a que está sendo ingerida.
Ao longo do
último século o avanço tecnológico dos meios de transporte, assim como
dispositivos eletrônicos poupadores de energia (elevadores, controle remoto,
escada rolante, etc) fizeram com que a
população mundial gastasse menos energia diariamente, e a maior oferta de
alimentos com alto teor calórico e de baixo custo propiciou um aumento
importante no consumo de energia, em
torno de 400 Kcal/dia a mais, o resultado disso é a epidemia da obesidade que
vemos atualmente.
Sabemos que o
gasto energético total compreende o gasto energético de repouso
(aproximadamente 60 - 70% do total), que representa a energia despendida nos
processos metabólicos utilizados na manutenção da temperatura corporal, nos
gradientes iônicos através das membranas, na mobilidade e secreção
gastrintestinal, e na função muscular cardíaca e respiratória.
A termogênese
alimentar (aproximadamente 10% do gasto energético total), representa a energia
necessária para a digestão alimentar, o transporte e depósito destes
nutrientes.
Por último, a energia gasta com as atividades físicas (aproximadamente
20 -30% do gasto energético total), representa o gasto na forma de atividade
física, sendo o mais variável dentre os indivíduos, incluindo a atividade
física voluntária e involuntária, e é neste componente que tem se observado
redução gradual ao longo das últimas décadas, devido aos avanços tecnológicos,
permitindo menos esforço físico para inúmeras atividades do dia-a-dia, levando
ao desequilíbrio energético e ganho de peso
Cada pessoa
apresenta um gasto calórico, tão maior quanto maior o peso total, e diretamente
proporcional à massa magra e ao número de exercícios e atividade física
realizados diariamente.
Diferentes
fatores são responsáveis pelas variações individuais de metabolismo, entre eles
o peso total, a massa magra (principal responsável pelo gasto energético de
repouso), a gordura corporal, idade e sexo, sendo estes responsáveis por 80% da
variação no metabolismo de repouso entre as pessoas.
Embora os
motivos que expliquem todas diferenças no gasto energético ainda não estejam
totalmente esclarecidos, sabemos que fatores genéticos também podem influenciar
as taxas metabólicas.
O aumento no
peso corporal é seguido de uma elevação no gasto energético total, e o inverso
é verdadeiro, algo que parece fazer parte do sistema de homeostase energética
na tentativa de manter o equilíbrio entre gasto e consumo.
A
bioimpedância e algumas fórmulas matemáticas nos ajudam a calcular o
metabolismo basal e total, e baseado nele podemos inferir a melhor quantidade
de calorias a ser ingerida na dieta proposta para a perda de peso, sem
necessariamente ter que restringir esse ou aquele tipo de alimento, ou seja,
até hoje cientificamente não se provou que a dieta X ou Y seja a melhor ou a
pior, mas que a restrição de calorias (dietas hipocalóricas equilibradas) em
relação ao gasto calórico de cada um, mantendo equilíbrio de macro e
micronutrientes, é mais saudável e tolerável para aqueles que precisam
emagrecer e manter-se magros no longo prazo.
Lucas
Tadeu Moura
Endocrinologista
do Spa Med Sorocaba Campus
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